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Ateísmo no Mundo


Quantos ateus há no mundo? Quais os países com maior percentual e quais os com maior número de ateus? Qual a porcentagem de ateus na Ciência e nas academias de Ciências? Há mais ateus homens ou mulheres? Qual faixa etária concentra o maior número de ateus? Estas e outras questões acerca do ateísmo global serão respondidas de forma sucinta nas linhas que seguem.

Segundo o sociólogo norte-americano Phil Zuckerman, em sua pesquisa "Ateísmo: Taxas e Padrões Contemporâneos" os suecos detém o maior percentual de ateus no planeta. Na Suécia se aprende sobre cada uma das religiões na escola e os cidadãos são orientados à liberdade para escolher seguir ou não uma delas. Isso se repete na maioria dos países com alto índice de ateísmo, onde as religiões não são suprimidas, mas ensinadas, todas com os mesmos direitos de propagação, diferente do que acontece em países como o Brasil, onde apenas uma religião, o cristianismo neste caso, é ensinado pelo Estado sob o rótulo de "ensino religioso".

É importante observar que parte das informações seguintes foram colhidas de estudos que consideram também ateus os agnósticos e irreligiosos. Tendo como referência as palavras de Jesus - quem comigo não junta, espalha - pesquisadores como Zuckerman não estão errados ao igualar estas classes. Enquanto ateus não creem na existência de Deus, agnósticos afirmam não ser possível provar sua existência ou inexistência, o que não faz diferença na vida prática.

Quais os países com maior percentual de ateus?

Em primeiro lugar, como supracitado, vem a Suécia com 85% de ateus, depois vem o Vietnã com 81%. Nos anos seguintes ao final da guerra do Vietnã, o budismo e o taoismo adquiriram uma conotação tradicional neste país, perdendo o cunho puramente religioso, assim como tem acontecido com o cristianismo na maioria dos países europeus após a segunda guerra mundial.

Ranking:

1º - Suécia: 85%. População: 8,9 milhões. Ateus: 7,6 milhões.
2º - Vietnã: 81%. População: 82,6 milhões. Ateus: 66,9 milhões.
3º - Dinamarca: 80%. População: 5,4 milhões. Ateus: 4,3 milhões.
4º - Noruega: 72%. População: 4,5 milhões. Ateus: 3,2 milhões.
5º - Japão: 65%. População: 127 milhões. Ateus: 82 milhões.
6º - República Tcheca: 61%. População: 10 milhões. Ateus: 6,2 milhões.
7º - Finlândia: 60%. População: 5,2 milhões. Ateus: 3,1 milhões.
8º - França: 54%. População: 60,4 milhões. Ateus: 32,6 milhões.
9º - Coreia do Sul: 52%. População: 48,5 milhões. Ateus: 25,2 milhões.

Países com maior número de ateus

181,8 milhões de chineses são ateus. A China ocupa o 36º lugar no ranking de países com maior percentual de ateus (14%). Em números absolutos, porém, é onde vivem mais pessoas sem crença. Depois vem o Japão com 82 milhões de ateus. Curiosamente os EUA vêm em 7º lugar entre as mais de 250 nações do planeta, com cerca de 26,8 milhões de pessoas se autodeclarando ateias e 110 milhões que afirmam não ter religião, ou seja, 1/3 da população do país. Na década de 1990 92% dos jovens se declaravam cristãos nos EUA, em 2014 32% deles passaram a se consider ateus, uma mudança radical que tem abalado suas instituições evangélicas nos últimos anos.

Ranking:

1º - China: 181,8 milhões.
2º - Japão: 82 milhões
3º - Rússia: 69 milhões.
4º - Vietnã: 66 milhões.
5º - Alemanha: 40 milhões.
6º - França: 32 milhões.
7º - Estados Unidos: 26,8 milhões.
8º - Inglaterra: 26,5 milhões.
9º - Coréia do Sul: 25 milhões.

Total de ateus no mundo

749,2 milhões (11% da população mundial).

Quando comparado às religiões, o ateísmo só fica atrás do cristianismo, islamismo e hinduísmo. Supera a religião tradicional chinesa, o budismo, o sikhismo, o judaísmo e o espiritismo. Segundo o PhD irlandês naturalizado americano, Nigel Barber, ateus serão maioria mundial em 2038, percentual que, logicamente, superará cristãos e islâmicos juntos.

Ateísmo por sexo

Homens: 56%.
Mulheres: 44%.

Uma contradição visto que Deus, nas maiores e mais importantes religiões, orienta uma cultura misógina.

Ateísmo por idade

18 a 34 anos: 54%
35 a 49 anos: 24%
50 a 64 anos: 15%
65 anos ou mais: 7%

Mais da metade da população mundial entre 18 e 34 anos é formada por ateus, quantidade de vai caindo com a elevação da idade. Este quadro revela que, ou a velhice leva as pessoas a se converterem à crença em Deus, ou esta crença vem perdendo espaço na vida dos nascidos nas ultimas décadas.

Ateus na Ciência

50% dos cientistas têm alguma religiosidade. Em torno de 36% acreditam em Deus. Os puramente ateus somam 10%. Embora 1/3 da humanidade seja cristã, apenas 2% dos cientistas o são.

Ateus nas Academias de Ciências americana e inglesa

Academia Americana de Ciências: 93%.
Royal Society: 94.6%.

Uma pesquisa realizada pela revista Nature no. 394, pág. 313, revela que a crença em um Deus pessoal vem caindo entre cientistas americanos de renome (Academia Americana de Ciências). Em 1914 27.7% destes acreditavam em um Deus pessoal, em 1933 este número baixou para 15% e em 1998 apenas 7% mantinha esta posição. O que uma pesquisa atual revelaria?

Um levantamento da ONU aponta que países com boa taxa de alfabetização tendem a ser mais descrentes. Em 2008, o pesquisador britânico Richard Lynn concluiu que países com alto QI são mais ateus. São os casos da Suécia (101), do Japão (105) e da Coréia do Sul (106), este ultimo com o QI médio mais alto do planeta.

Pesquisas como estas revelam que o conhecimento científico elevado atua contra as crenças religiosas e em favor do ateísmo.

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Fontes: Pesquisas de Phil Zuckerman (2007), Richard Lynn (2008) e Elaine Howard Ecklund (2010), ONU, adherents.com, American ReligiousIdentification Survey, The Pew Research Center, Gallup Poll, The New York Times, Good, Live Science,  Revista Mundo Estranho editora Abril, Discovery Magazine, Livro Deus um Delírio edição 2007 e Revista Nature nº 394.

Ver também Amados, Odiados e Idolatrados Ateus (Ateus Famosos)Frases de Céticos e Ateus Proeminentes e Cientistas Ateus Prêmio Nobel.

49 comments:

  1. Aproveito, Alexandre, para deixar mais uma vez registrado minha crítica ao mau entendimento ou deslealdade de alguns em relação ao ateísmo. Que afirmam que se trate de uma crença, uma forma de religião ou que o ateu se ocupe de negar alguma coisa.

    Ateísmo, como seu artigo bem relata, não é uma crença. Na Suécia, todas as religiões são igualmente ensinadas na escola, ainda assim é o país com a maior proporção de ateus no mundo. Portanto, não se trata de crer; trata-se de não crer, não se convencer.

    O Ateísmo é uma postura filosófica que descreve aqueles que não creem. Este fato, por si só, muitas vezes incomoda àqueles que professam alguma fé, pelo fato de que o crente se sente rejeitado quando você rejeita a sua crença. Existe uma simbiose entre a crença e o individuo e tanto quanto se sabe o deus de cada um é muito particular. Frequentemente servindo a propósitos e visões egoístas.

    Alguns dizem que o ateu nega a existência deste ou daquele deus. Não! Ele não nega. Não há motivos para discutir a afirmação da existência do que seja inevidente ou daquilo que tem origem e existe na imaginação de alguns.

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    1. Manoel Carlos2:42 PM

      Companheiro, boa tarde.
      Intrometendo-me, gostaria de dizer que foi muito bom saber do que escreveste. Quando aparecer um ateu neste blog com essas características comprovadas, por obséquio me avisa. De preferência, que seja um ateu que, de forma convincente, explique por que não se convence. Enquanto tal explicação não acontecer, para mim o motivo é a ignorância, principalmente sobre o grave pecado lógico de que falta de evidências é evidência de falta – falácia esta que é a pedra fundamental do ateísmo.

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    2. Prezado,

      O terceiro parágrafo do meu comentário, de certo modo, já antecipa reações como a sua. Não há falácia alguma nesta postura. Você é que se apresenta com o velho e batido argumento da inversão do ônus da prova. Veja, não há razão para discutir a alegação de existência do que seja inevidente, do que não se manifesta e esta não é uma postura que necessite ser "comprovada" ou "justificada". Mas tem sido assim, infelizmente, desde que o primeiro néscio olhou para o céu e o povoou com seus delírios.

      Ademais, Bertrand Russell, Carl Sagan, Christopher Hitchens, entre outras mentes proeminentes já refutaram categorigamente a esta tentativa risível e desesperada de imputar aos incréus a obrigação de se justificar.

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    3. Manoel Carlos9:48 AM

      Companheiro, a falácia a que me referi foi tida como tal pelo Carl Sagan, que falou em nome da ciência. Só não afirmo que ele seria um desses ateus cuja presença reclamei aqui porque, certa vez, referindo-se a seres extraterrestres ou seres que vêm do futuro, Carl afirmou: “...eu não acho que o fato de que nós não estamos sendo obviamente visitados por viajantes do tempo mostre que a viagem no tempo é impossível.”

      Substitua a palavra ‘viajantes do tempo’ por ‘Deus’ e leia a frase que resulta. Fica assim: ‘EU NÃO ACHO QUE O FATO DE NÓS NÃO ESTARMOS SENDO VISITADOS PELO CRIADOR MOSTRE QUE O CRIADOR NÃO EXISTE’.

      Desde que Sagan não faria uma frase como esta em relação a Deus, esvai-se de mim a chance de ter aqui pessoas melhores que ele nessa área. Em outras palavras e salvo melhor juízo, ateístas não usariam o argumento de Sagan para um Criador. Isso valeria para tudo, menos para um Criador. Quais seriam as razões dessa exceção? (Aqui pensando sem exigir respostas por se tratar de foro íntimo).

      Outra observação final: como você propõe que “não há razão para discutir a alegação de existência do que seja inevidente, do que não se manifesta”..., seria de esperar que os ateístas não discutissem. Mas parece que este site se destina a não cumprir esse preceito. Esta atitude denuncia que pessoas que têm essas ideias parecem saber requerer isso dos outros, mas não sabem cumprir.

      Tenha um bom resto de semana!

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    4. Bem, meu bom senso me impede de dizer que alguém tenha dito outra coisa diferente do que este alguém realmente tenha dito, somente porque me convém. Por não me considerar mais apto ou mais preparado do que Carl Sagan, não me sinto no direito de torcer o que ele disse, como fazem alguns presunçosos por aí. Se ele fosse seguidor de algum credo eu imagino que ele honestamente diria. Este seu vício vem da hermenêutica teológica, este contorcionismo intelectual, frequentemente usado para tentar negar o óbvio, explicar o inexplicável e, infelizmente, distorcer os fatos. Acabo de descobrir que pode ser também usado para por palavras na boca dos outros.

      Ainda sobre Sagan, em o Planeta dos Idiotas ele diz (sem intervenções): "...E as luzes do céu se levantam e se põem ao nosso redor, não é evidente que estamos no centro do Universo? Aristóteles, Platão, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, e quase todos os filósofos e cientistas de todas as culturas durante três mil anos acreditaram nesta ilusão... Pode-se imaginar um observador extraterrestre severo olhando a nossa espécie com desprezo durante todo o tempo, enquanto tagarelávamos animadamente: [O Universo foi criado para nós! Somos o centro! Tudo nos rende homenagem!] E concluído que nossas pretensões são divertidas, nossas aspirações são patéticas, e que este deve ser o planeta dos idiotas..."

      Agradeço por você não ter substituído nenhuma palavra no que eu disse para postular que eu tivesse dito outra coisa. Mas na sua análise, mais uma vez, você persiste em desvirtuar o propósito de divulgar o pensamento crítico e racional deste site e a pretensão de convidar as pessoas a reflexão. Que me parecem ser a intenção primordial deste espaço.

      Sei que você voltará CP, com o propósito de conduzir a discussão para, por fim, questionar o direito de manifestação dos ateus e deste site. Pois isto é tudo o que você fez e sabe fazer, infelizmente. Esta tem sido a sua contribuição constante: a intolerância.

      Até daqui a pouco!

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    5. Manoel Carlos2:21 PM

      Volto para dois ou três pontos.

      Primeiro, que costumo me retirar de conversas, mesmo que temporariamente, quando o interlocutor passar a ser objeto de comentários.

      Segundo: o que o site promete em sua lista de propósitos e intenções é louvável. Foi o que o senhor resumiu. Entretanto, não fui eu que disse que existências (...etc...) não deveriam ser discutidas; foi o senhor. Eu sou contra essa opinião; por isso discuto e acho que ateus fazem bem em tentar discutir. Sou beneficiário dessas tentativas, entende? Eu não teria produzido tanto material - digamos assim, indigesto a ateístas - sem a prestimosa ajuda dos ateus.

      Mas eu não me referi às intenções anunciadas e sim às que se praticam aqui. A construção do site em si é uma grande tentativa ex-ofício da parte oposta (nenhum cristão, por exemplo, exigiu sites como este).

      Agradeço por ter tido a oportunidade de conhecer esse trecho de Sagan que o senhor me enviou: muito legal, mesmo! O título é realmente cabível.

      Ele me trouxe à luz mais uma pessoa (Sagan) na minha lista de adversários na questão do centro do universo. Defendi num artigo que, por ora, a Terra é o meu candidato a ser centro do universo. En passant, informo que nenhuma razão foi de cunho religioso. No momento, não pretendo divulgar o escrito neste site.

      Renovo votos de estima e bom resto de semana.

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    6. Pelo visto agradeci cedo demais...

      Desta vez não demorou a que você se colocasse na condição de vítima e, lamentavelmente como de costume, corrompendo o que fora dito anteriormente.

      Explico: discutir a [alegação] significa discutir a ideia, o conceito e não o direito de alguém se manifestar. Isto é o que eu fiz e faço, ao contrário de você que questiona o direito de manifestação dos outros. Eu defendo o meu direito e a minha concepção e se você quiser debater no campo das ideias, estarei sempre disposto. Mas você não tem esta intenção, sabemos. Você, no final, sempre ataca aos ateus, ao site e ao direito de manifestação daqueles que pensam contrariamente a você, daqueles que não compartilham da sua cosmovisão. Não seria esta uma postura intolerante?

      Minha sanidade me impede de discutir sobre o que realmente existe. Se é que me entende... Tome o Sol como exemplo, caso não tenha entendido. Depois volte e me apresente, por exemplo, a fada do dente.

      Por fim, vejo que sua risível presunção é do tamanho de Júpiter. Posso seguramente citar duas virtudes do Carl Sagan que lhe faltam: a humildade e o conhecimento.

      “O problema com o mundo é que os idiotas são seguros e os inteligentes são cheios de dúvidas.” (Bertrand Russell)

      Até daqui a pouco!

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    7. Manoel Joaquim Carlos9:16 AM

      "Minha sanidade me impede de discutir sobre o que realmente existe"
      .
      Entendi: não devo discutir se eu existo, se o Sol existe. E, como dito antes, não devo discutir se um Criador existe, se existe vida inteligente fora da Terra. O site seria uma desobediência civil...

      "Humildade e conhecimento": acho que Sagan tinha menos que eu e falo de ambos os atributos, na questão de lógica, não na de astronomia, por exemplo. Eu diria o que ele disse tanto para viajantes do tempo, quanto para um Criador, pois sou humilde e reconheço que uma criatura como eu não tem condições de Criar nada para mostrar que foram homens ou ETs que Criaram. Preconceito é uma burrice e isso eu não tenho.

      Já a humildade do prezado impressiona... E a condição lógica foi muito bem exposta na falácia do espantalho de que se valeu.

      Por último, parece não ter condições psicológicas de escrever um comentário sem me atacar.

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    8. Pelo visto temos aqui uma versão muito particular de aplicação da falácia do espantalho, que é quando o seu principal usuário acusa o seu interlocutor de fazê-lo. Além é claro de uma leitura muito apropriada da definição do que seja uma.

      Sobre as ofensas, acho interessante, pois é tudo o que sabes fazer, mas tens claramente a vantagem de ter uma face que aceita polimento e verniz. E sabe como poucos dissimular suas reais intenções e se fazer de vítima quando não obtêm êxito! O que frequentemente acontece.

      Parabéns!

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    9. Em tempo, fico surpreso e um tanto quanto envergonhado por debater com alguém que tenha mais conhecimento e é mais humilde que Carl Sagan. Me senti um subtreco do subtroço agora! [risos]

      Por que é risível!

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  2. "Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos céticos refutar os dogmas apresentados – em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada."

    (Bertrand Russell)

    Ainda assim, aparecem alguns intolerantes presunçosos, desonestos e desleais. Os quais não são capazes de tolerar uma posição contrária, que persistem em implicar e exigir que alguém com pleno domínio de sua faculdades mentais justifique porque não concordam com suas alegações sobre o que não se manifesta, sobre o que é inevidente.

    Atentem para este fato.

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  3. Manoel Joaquim Carlos1:29 PM

    Falácia do Espantalho

    Nota introdutória: estive em viagem logo depois de elaborar este comentário e certo de ter feito seu upload. Ao voltar e notar a ausência, sem encontrar nenhuma menção a uma exclusão do comentário, concluí que me enganei ao pensar que tinha feito a postagem. Aproveitei para fazer algumas melhorias.

    Definindo com minhas palavras, a falácia do espantalho ocorre quando um debatedor substitui uma ideia por outra que ela julga equivalente - mas que de fato altera a original - com a ilusão de que, defendendo ou atacando a ideia substituta (o espantalho), terá conseguido manter ou derrubar a ideia original - que é, esta, abandonada porque o falacioso não consegue atacá-la ou defendê-la.

    Quando falamos em ataque ou defesa, vem a consequência de que a falácia do espantalho se desdobra em duas vertentes: em uma delas, o falacioso ATACA o interlocutor fazendo uma tradução falsa do que este realmente disse. E todo o arcabouço lógico para derrubada da ideia é construído em cima dessa tradução (falsa), ficando a versão original simplesmente abandonada pelo falacioso.

    Exemplificaremos, por ora, apenas a outra vertente: o falacioso SE DEFENDE, alterando o que ele mesmo disse, dirigindo a alteração para um ponto que ele possa, só então, conseguir aparente sucesso na vã tentativa de justificar-se.

    O exemplo para esclarecer vamos extrair da última conversa aqui entre Manoel Carlos e seu interlocutor, o sr. Warlei. Este escreveu sua ideia original e seu espantalho aqui transcritos:

    IDEIA ORIGINAL: “não há razão para discutir a alegação de existência do que seja inevidente, do que não se manifesta”... [Warlei]

    O ESPANTALHO: “Ateus têm o direito à manifestação”. [Warlei]

    Note que as duas afirmações são diferentes, mas a original foi abandonada e substituída pelo espantalho em cima de quem ou do que o falacioso tentou fazer toda a sua defesa. O fato de ele insistir no espantalho e não no original já prova a falácia.

    Observe ainda que nenhum argumento (ou tentativa de) funciona se a declaração original for mantida; o falacioso geralmente tenta usar o espantalho e esquecer o original. Para tentar sair do imbróglio, normalmente o falacioso ‘esquece’ o que disse e passa alegar coisas como ‘não foi isso o que eu disse'; e, como prova, apresenta... O espantalho.

    Até uma próxima oportunidade!

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    1. Caro Manoel Joaquim Carlos,

      a postagem sobre a "falácia do espantalho" excluída, não continha o seu nick inicial como autor. O uso de nicks diversos por uma mesma pessoa em uma mesma discussão é considerado prática de trollagem neste blog conforme conteúdo do link "não alimente os trolls" em "antes de comentar". Esta prática tem como consequência a exclusão do comentário.

      Agradeço sua participação e conto com sua colaboração.

      Alexandre Alex, autor e moderador do blog.

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    2. M Carlos9:31 AM

      Prezado Alexandre

      [Permita-me tomar um pouquinho do seu tempo...]

      Eu tenho pouca estrada rodada em matéria de redes sociais – na verdade não pertenço a nenhuma delas; apenas tenho visitado pouquíssimos blogs e, claro, tenho endereços de e-mail institucional e pessoal. E estou nos sites oficiais das instituições a que pertenço, como de praxe.

      Como escrevi, não tive certeza de que meu post havia sido enviado, visto que não houve o costumeiro aviso de exclusão. Somente agora sou informado disso. Obrigado. Eu havia feito o comentário numa pressa ocasionada por uma viagem longa que iria fazer.

      A minha pouca experiência me fez com que as trollagens a que você se referiu ficassem assim entendidas (por mim) como aquelas em que os nicknames são disfarçados e, assim, não associados.

      Com esse entendimento, minha atitude (quase sistemática) de mudar nicks não caracterizaria trollagem (na minha opinião) por não carregar o conteúdo de disfarce.

      As provas de que não disfarço são muitas. Uma delas é o Warlei: acerta 100% quando liga meu apelido corrente a outros. Ou seja, ele tem todas as ferramentas, oferecidas por mim, para fazer as ligações.

      Outra: não por acaso e contundente, é o próprio texto que foi excluído: no corpo do texto havia a ligação expressa entre os apelidos corrente (Charles) e o correlato (Carlos).

      Feitas essas observações, absorvo seu conceito de ‘trollagem’ aqui no seu blog, sem problemas. Daí ter tratado o tema como uma opinião da minha parte.

      Bom ressalvar que, mesmo sem mudanças de nicknames, no ambiente em questão permanecemos curtindo o anonimato que tanto é defendido por inventores de coisas como chats. Muitos dos que não mudam de nick são tão anônimos quanto os que mudam. Muitas pessoas acham que as coisas devem ficar assim por motivo de segurança em ambiente internet.

      Há ainda a considerar que seu blog foi arquitetado para permitir certa liberdade de anonimato. Eu visito alguns que exigem cadastro e confirmação e ainda só publicam depois da moderação (censura).

      Grato mais uma vez.

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    3. Caso algum leitor, porventura, tenha testemunhado este comentarista dizer que alguém tenha dito outra coisa que não o que realmente tenha dito - como alguns que fazem, dizendo que eu tenha dito A querendo dizer B - peço humildemente, por favor, que se apresente e aponte. No caso mencionado a colocação B nem pode ser usada como espantalho de A (mais uma pitada de deslealdade intelectual do autor do comentário), visto que, do meu ponto de vista, realmente afirmo que não existe fato a ser discutido, entretanto, defendo que TODOS tenham o direito de se manifestar e isso inclui os ateus, para o desagrado de alguns intolerantes.

      Prezo o debate intelectualmente honesto e leal. Eu já até convidei em outra ocasião este mesmo comentarista, que se acovarda e nunca se identifica, a vir a público e revelar as evidências de suas alegações. Mas tive como resposta um silêncio sepulcral. Reconheço ter esta vantagem óbvia, visto que, repito, não vejo razão para discutir o que seja inevidente, o que não se manifesta. E vejo que aqueles que tentam provar o contrário com argumentos, caiam sempre nas mesmas armadilhas lógicas, a começar pela mais primária e infantil de todas as falácias lógicas e já refutada um sem número de vezes, a inversão do ônus da prova. Isto resulta do fato evidente de que o contorcionismo intelectual para provar uma alegação fundada no imaginário esbarra nos seus próprios limites óbvios.

      Mas deixo claro a todos que defendo o direito de qualquer um em acreditar no que bem entender e manifestar a sua fé. Desde que este não venha questionar o meu direito de manifestar a minha cosmovisão e viver minha vida ao meu modo. Considero também que ideias podem e devem ser debatidas, discutidas e confrontadas. Portanto, volto a dizer, estou sempre aberto a um debate franco e intelectualmente honesto, no campo das ideias e constato com pesar que existam poucos debatedores intelectualmente aptos, leais e honestos entre os apologistas religiosos.

      Lamentável!

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  4. Falácia do espantalho é um argumento em que a pessoa ignora a posição do adversário no debate e a substitui por uma versão distorcida, que representa de forma errada esta posição.

    A falácia existe quando a distorção é proposital, de forma a tornar o argumento mais facilmente refutável, ou quando é acidental, quando quem usa a falácia não entendeu o argumento que quer refutar.

    Nesta falácia, a refutação é feita contra um argumento criado por quem está atacando o argumento original, e não é uma refutação deste argumento original.

    Para alguém que não esteja familiarizado com o argumento original, a refutação pode parecer válida, como refutação daquele argumento.

    Exemplo: O Cardeal William Levada, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, declarou que Richard Dawkins e outros argumentaram que a Teoria da Evolução prova que Deus não existe; um argumento que é absurdo. Esta, porém, é uma falácia do espantalho, porque a posição de Dawkins é que a Teoria da Evolução torna o Ateísmo uma ideia intelectualmente respeitável, ou seja, se existe Evolução, uma visão Naturalista do mundo é logicamente aceitável.

    Fonte: Wikipedia

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  5. M Carlos2:48 PM

    Senhores, vamos ao prometido exemplo da outra vertente da falácia do espantalho no conceito defendido por mim.

    #Nota introdutória: na minha carreira de debatedor tenho preferido, na medida do possível, evitar alugar cérebro de terceiros (por exemplo, invocando autores ou fontes, tais como Wikipedia ou outras) .

    Defini ‘falácia do espantalho’ numa situação em que o nome cabe muito bem e usei minhas palavras. E ainda registrei antecipadamente que usei MINHAS PALAVRAS.

    Olhando-se as definições dos tipos de falácias, por diversos autores, podemos observar que, quem realmente não é mais devedor de conhecimentos do tema ‘lógica’, pode definir qualquer nome novo, desde que, pela própria lógica, justifique a mnemônica.

    Se a intenção foi mostrar que o meu conceito ‘não confere’ com o da Wiki, há uma saída bem legal: dê-se outro nome de batismo. Recomendo ter em mente o conceito de FALÁCIA. Aqui vão algumas sugestões para nomes alternativos: falácia do sparring, falácia do boneco de vodoo, falácia da caricatura, falácia da falsa tradução... Todos são nomes apropriados, mas o importante não é caracterizar o nome de batismo e sim se é uma falácia.

    #Observação sobre o meu termo acima ‘devedor’: é compreensível ser devedor de conhecimentos de física, de matemática, de biologia, de história. Mas de lógica, não. Uma pessoa pode chegar ao pleno conhecimento da lógica. Não me consta que haja pesquisas para descobrir formas lógicas novas que produzam resultados antagônicos aos existentes... Quando se descobre algo inesperado na física, é porque houve uma falha, que, normalmente, é do físico ou da física; ou é uma falha na aplicação da lógica já existente. Isso aconteceu, por exemplo, na física quântica.

    Vamos à outra vertente .

    A outra falácia do espantalho (falsa tradução do opositor) ocorreu no mesmo papo e foi praticada pelo Sr. Warlei. Vejam a seguir.

    IDEIA ORIGINAL: ateus devem discutir e sou beneficiário dessa atitude (Manoel Carlos);

    ESPANTALHO: M Carlos é contra a manifestação dos ateus (Sr. Warlei).

    Mais uma vez: observe que o espantalho neste caso não é apenas diferente, mas antagônico. E foi o espantalho usado o tempo todo, pelo Sr. Warlei, EM ATAQUE, como se o M Carlos – logo ele, que tanto dá ouvidos a ateus – fosse contra a manifestação destes.

    Não sei se ainda vale a pena dizer mais uma vez que sou a favor de que os ateus se manifestem... Claro que isso não significa concordar com o que eles alegam ou discordar.

    Segue um novo post, sobre Sagan e eu.

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  6. M Carlos2:54 PM

    Sagan e eu

    Expliquei pela lógica a razão, USANDO FRASES DE SAGAN QUE EU, PELA LÓGICA, NÃO DIRIA, OU NÃO PARCIALIZARIA.

    Presumo – por respeito aos ideais pregados por alguns ateus – que a idolatria e a subserviência cultural a personagens famosos não sejam o único ponto de apoio à crítica: seria bom esclarecer por que o meu comportamento diante dos pontos de Sagan aqui explorados é menos lógico que o dele... Será possível cumprir os preceitos apenas nesta ocasião? Ou vamos ficar com o lema ‘Sagan é SAGAN e eu sou apenas um visitante de um blog como este’?

    A nota do Sr. Warlei sobre minha pessoa e Sagan é conhecida como ‘falácia do apelo a autoridade’. Como gosto de nomes dados por mim mesmo, conceituo-a como ‘falácia da idolatria’, no sentido de que ‘santos fazem milagres que mortais não devem questionar’.

    O meu interlocutor não soube explicar por que minhas críticas aos pontos de Sagan não eram lógicas (se soubesse, tê-lo-ia feito ou reconheceria o acerto). Assim, apelou à autoridade do Sagan e ainda numa circunstância em que não conhece a outra parte, como ele mesmo admite.

    Como se não bastasse, ‘entendeu’ que a minha pretensa superioridade seria em relação a tudo (inclusive astronomia, apesar de minha declaração em contrário ‘esquecida’ falaciosamente). Ora, me prendi a uma situação em que Sagan não é especialista: a questão crer ou não crer num Criador (um pouco religiosa...) contida em alguns dos comentários infelizes desse cientista. Falácia da generalização indevida: posso ser pior em contabilidade do que qualquer pessoa formada em contabilidade – o que nada tem a ver com o meu conhecimento sobre física, ou biologia, por exemplo.

    Já vi muitos ateus criticarem – com razão – esse tipo de atitude em muitos religiosos de plantão... Acho que o Sr. Warlei deveria aproveitar a oportunidade para deixar de ser um contumaz usuário de falácias, sob pena de ser acusado de denegrir a fama de ateus que tentam ser sóbrios.

    Vai um post sobre ‘me identificar’.

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  7. M Carlos3:17 PM

    “Comentarista que se acovarda e nunca se identifica”. [Warlei]

    ABSORVI a reclamação do Alexandre, que foi sobre ‘manter identificadores dentro de uma mesma discussão’. Claro que isso pode ser feito no apelido ou no texto do comentário; mas respeitei a opinião do Alexandre de que seja no apelido-título.

    Se fosse simplesmente esta a razão por trás dessa persistente curiosidade do amigo Warlei, certamente ele seria um dos poucos que não têm motivos para reclamar e explico por quê.

    Ele acerta 100% sobre quem é a pessoa com quem conversa quando tal pessoa sou eu. Sou, assim, automaticamente identificado pelo nobre interlocutor, tornando-se desnecessária (para ele) a manutenção do apelido.

    Por esta razão, fica claro que não deve ser este o caso. Às vezes, fico horas e horas imaginando por que causo tanta curiosidade em certos ambientes que visito; por que algumas pessoas têm tanto interesse em saber quem eu sou.

    Nesse sentido, há uma particularidade no meu caso que envolve RECIPROCIDADE. É que meu primeiro nome e o segundo sobrenome são raros, muito incomuns. Quando digitamos no Google apenas meu nome, cerca de 60% dos resultados obtidos na primeira página são referentes a mim. Quando digitamos o primeiro nome e o segundo sobrenome, então 100% dos resultados da primeira página são referentes a mim.

    Nesses resultados estão informações institucionais e pessoais para as quais não tenho reciprocidade. Veja o que você pode saber sobre uma pessoa como eu se conhecer o nome completo: celular institucional, celular pessoal (numa instituição de cunho social), endereço físico profissional, endereço físico residencial, trabalhos realizados, salários (quando a instituição é pública), trabalhos publicados e suas conexões (como, por exemplo, o fato de estar em bibliotecas públicas), agendas de tarefas públicas (como palestras).

    Certa vez eu disse isto a um interlocutor ateu que me reclamava nesse sentido. Ele imediatamente me ponderou o seguinte: “Pois eu não tenho nada a esconder. Aqui está o meu nome completo”

    Assim que me informou, fui ao Google e obtive três resultados: descobri que ele tocava numa banda e duas fotos em que ele segurava um violão. Realmente parece que ele nada tinha a esconder.

    Conforme ficou evidente, fornecer a identificação que o sr. Warlei reclama não é uma questão de manter apelido único. O apelido único nada revela a meu respeito.

    Lembrei-me de outro exemplo, que serviu para a minha felicidade (no sentido de me firmar mais ainda sobre meu anonimato). Nesse exemplo, outro interlocutor ateu me perseguiu com tanto empenho em saber sobre mim, que acabou descobrindo que eu era um funcionário público da prefeitura de Cuiabá, que tinha me empregado lá por ter amizade com um vereador. Depois da descoberta, ele acabou se esmerando em campanhas para me difamar (difamar o empregado da prefeitura, que ele parece ter tido certeza de que era eu).

    Eu achei isso muito interessante: recebi de mãos beijadas a prova do que aconteceria se eu me identificasse. Afinal, se eu der meu nome, o que uma pessoa como o sr. Warlei e seus ouvintes farão com ele? Alguém tem dúvida? O Warlei dá uma boa amostra no mundo virtual, com os ataques que me faz; e sabe, como ninguém, que fazer isso com dados do mundo real seria uma maravilha!

    Até uma próxima oportunidade!

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    1. É tanta baboseira que me cansaria responder. De fato o comportamento de troll é evidente na sua conduta. Em relação à minha identidade, basta clicar no link com meu nome para ser direcionado imediatamente ao meu perfil no Google+.

      Não me escondo, como você desonestamente tenta sugerir (vejam que novidade!) para justificar a sua covardia (o que também não é novidade). Agora, nos explique esta estória! Perseguido por um ateu? Tenha dó meu amigo! Você vigia cada comentário meu neste blogue! Tenta me cercear o tempo inteiro e tudo isso porque na sua primeira fanfarronice aqui eu cometi o pecado de defender o espaço! Você, confessadamente, pesquisou pra saber da minha vida e da Shirley e da Ana no Google. E vem falar em perseguição?

      Ainda assim, lamento por frustrar sua curiosidade para saber mais sobre minha vida. Mas saiba que as pessoas que eu realmente prezo e respeito sabem. E isso inclui o autor deste blogue.

      Meu conselho para você é: seja honesto! Não custa nada é faz bem!

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    2. M Carlos8:39 AM

      Está tudo bem. Agradeço pela atenção.

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    3. O sr.Manoel Carlos propõe a inversão do ônus da prova. Se o ateu diz que não existe, e o agnóstico aceita discutir, desde que em cima de provas, que o religioso ofereça as provas, e não o contrário. Se bem que são posições tão antagônicas que jamais haverá consenso. Sou agnóstico, aceito provas, porém dizer que o mar, o céu e as estrelas são criação divina, e que o criacionismo explica tudo, não serve , ou seja, é uma discussão que mão nos levará a nada...

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  8. Bem Alexandre, chegamos no ponto que o nosso prolixo choramingão sempre leva o debate. Se faz de vitima ao fim, como sempre!

    Confesso não ter paciência pra esse nível de bazófia sem conteúdo útil!

    Choremos!

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    1. Gostaria de comentar 2 pontos sobre o diálogo entre você e Carlos:

      (1) 'ateus não negam nem debatem a existência de Deus'. O meu ponto de vista é que, embora verdadeira a afirmação, é de hermenêutica difícil, o que dá margem a uma primeira interpretação literal. O fato do ateu está seguro da inexistência de Deus não o leva a debater sua existência, assim como teístas cristãos não necessitam debater a existência de Rá ou Shiva como seres reais, por estarem seguros sobre sua inexistência. O que o ateu pode debater, forçado pela pressão social, são os 'motivos' da crença em Deus por se tratar de um fato que lhe afeta quando é discriminado por aqueles que aderem a esta crença. Tal posição do ateu pode ser facilmente confundida como 'debate sobre a existência'.

      (2) “o ateísmo tem como pedra fundamental a falácia ‘a falta de evidência é evidência de falta’”. Eu, como ateu – e posso falar pela maioria, senão por todos os ateus – não penso assim. Estou ciente de que a falta de provas não torna Deus inexistente. Mas é importante frisar que a falta de provas é (apenas) um dos indícios da inexistência de Deus que requer complemento. O eficiente método científico tende a orientar muitos cientistas e cientificistas a desacreditarem quando não há evidências materiais, principalmente quando o objeto é falseável. Deus, assim como todo ser imaginário, não é diretamente falseável. Neste caso, as refutações dos motivos da crença são utilizadas como provas indiretas de sua inexistência. Entretanto aqui tem-se que levar em consideração que provas são relativas, pois o que é prova para alguns pode não ser para outros. Por isso, no Direito, o julgamento de uma causa deve ser realizado por terceiros. A crença em Deus, ao meu ver, é uma questão não intelectual, mas emocional, onde o crente é imaturo e o descrente, maduro.

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    2. M Carlos5:37 PM

      Prezado Alexandre, meu boa-noite.

      Agiu muito bem quando escreveu a primeira frase entre aspas simples, pois, se fosse uma citação, deveria usar duplas. Eu procuro agir assim, sempre que estou atento. Apesar de achar que isso pareceria espantalho, reconheço que uma pequena burilada na frase em destaque seria de pouca relevância e eu a dispenso tranquilamente.

      Tomo a liberdade - um padrão oferecido pelo seu blog - para me referir ao seguinte trecho do seu comentário: "Quando o ateu debate quaisquer características de Deus o faz como se faz com personagens de quadrinhos como, por exemplo, batman e x-men".

      Sendo este um ponto estratégico de sua opinião, seu desmantelamento terá efeito sobre outros pontos; mas, por enquanto, ficarei apenas aqui.

      A questão é logística: para isso ser verdade, os ateus têm que, usando suas palavras, ESTAR SEGUROS de que não existe o causador, pois, pelo que sei, eles estão seguros quanto a batman. Devem eles saber igualmente que em batman não estão envolvidas questões como efeito-e-causa, fato que desmantela enormemente o paralelismo.

      Pelo que declaram os cientistas ateus, eles não estão seguros quanto à inexistência de um causador. É muito fácil buscar as provas dessa insegurança nas declarações oficiais deles. Pode escolher qualquer um (Dawkins, Hawking, Greene...). Se preferir menção a mortos, a lista pode crescer, mas, de minha parte, não gosto de falar em nome de gente que não pode comparecer a tribunais.

      Opino que se algum ateu se sentir realmente seguro, não será por motivos científicos e sim pelos mesmos motivos dos religiosos na sua condição de leigos (não cientistas).

      Bom excluir jornalistas e filósofos: a lista deve ser de cientistas. Entendi que o autor deste blog estaria seguro, mas pode ser apenas um mau entendimento de minha parte. Este entedimento é consequência da sua fala em nome dos ateus. De repente, pode ser que o prezado não se inclua em nome daqueles por quem falou.

      Muito obrigado pelo espaço.

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    3. Boa tarde caro M Carlos. Eu quem sou grato por nos tornar dignos de suas postagens neste humilde espaço.

      Gostaria de observar que uma reorganização ou resumo textual não se caracteriza, obrigatoriamente, em falácia do espantalho.

      Quanto a afirmação de que ateus são seguros da inexistência de Deus, a faço com base em experiência pessoal. Também não soube de nenhum cientista citado por você ter declarado ‘ESTAR INSEGURO’ acerca da inexistência de Deus. Não há insegurança no fato de admitir que ‘a probabilidade de Deus não existir seja maior que 99,9%’ (Dawkins), ou ‘se não provei que Deus não existe, provei que não foi necessário para a origem do Universo’ (Hawking).

      Dizer “não creio que DEUS existe, embora haja alguma probabilidade” ou “não creio que PATOLINO existe, embora haja alguma probabilidade” requerem a mesma segurança para um ateu. Assim como não haveria insegurança num cristão ao afirmar “não creio que SHIVA existe, embora haja alguma probabilidade”.

      Agora se, como você disse, “questões como efeito-e-causa, fato que desmantela enormemente o paralelismo” forem consideradas, alguém com base neste raciocínio, pode fundamentar sua crença no receio da ação de Deus sobre o mundo real. Desta forma não pode mesmo haver qualquer paralelismo entre Deus e Batman, porque Batman não está investido da suposta autoridade para mandar pessoas para o tormento eterno.

      Uma boa explicação para a crença em Deus entre pessoas com bom nível acadêmico é a imaturidade emocional manipulada pelo medo.

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    4. M Carlos9:58 AM

      Gentileza sua, Alexandre. Bom dia!
      (Resposta grande, dividida em 2 pedaços)

      Quem atribui certa probabilidade de Deus existir, manifesta sua insegurança (ou incerteza) de que ele existe ou inexiste. Cientificamente. Não é à toa que a física quântica é baseada na incerteza – daí seus resultados serem todos probabilísticos (ou vice-versa) rs

      Quem diz que a probabilidade é pequena comete um erro ao não se justificar com os cálculos que deram origem ao número. O valor 99% não é resultado de uma conta cientificamente correta, porque não existe a teoria de tudo. Alguns afirmam que há mais coisas desconhecidas do que conhecidas. Logo, não se sabe qual será a contribuição dos fatores desconhecidos, quando se tornarem conhecidos. Isto é, tipicamente, incerteza. Vou mais além: alguns cientistas ateus até acham que, se depender da ciência, JAMAIS todos os fatores serão conhecidos!

      Nesta área de probabilidades, o correto seria dizer que não se sabe se Deus existe. Não saber é exatamente insegurança, no contexto aqui discutido.

      A propósito, cabe registrar que há mais do que declarações como as que você selecionou, mesmo em relação a Hawking (deixarei para outra oportunidade). Também posso provar que Stephen não provou o que ele diz que provou. A frase que você isolou funciona como uma satisfação aos que o inquiriam sobre a existência de Deus.

      Sobre a questão do tormento eterno, não vale o paralelismo, pois meu contributo (efeito-causa) vem da ciência, da filosofia e não daquelas pessoas que alegam o tal tormento. Este tem sido um ponto, entre outros (exemplo: falácia da circularidade), em que seu comentário anterior foi infeliz e sobre o que não me detive, porque, então, deixei para possíveis cobranças futuras. A promessa continua de pé.

      Talvez muitos ateus tenham se confundido neste ponto pelo fato de que grande parte (senão a totalidade) dos religiosos alega essa questão do efeito. Eles alegam por ser científica, não porque eles a inventaram. Este é o meu caso. O nosso diálogo deveria ser centrado em mim e em você – não nossas pessoas, mas o que dizemos.

      A questão aqui é séria como podemos notar nesta declaração de Hawking: “Deus não foi necessário na Criação”. Caro Alexandre, você acha que Hawking iria pôr em suas conclusões científicas uma declaração referente a um Deus do tormento? Ou usar numa frase um termo sem sentido – o que causaria sua declaração também sem sentido?

      Temos duas saídas alternativas para essa pergunta:

      (1) Respondendo Não. Neste caso, ele falou num Deus que não é o do tormento. Isso me dá o direito de restringir minhas alegações a esse Deus de que ele fala e rejeitar o deus que você quer (trocando em miúdos: tenho o direito de, perante ateus, me manter no campo científico e não no religioso que tanto atrai alguns ateus).

      (2) Respondendo Sim. Neste caso, o cientista teria falado apenas sobre o Deus dos tormentos, significando que ele nada afirmou sobre o Deus que não é do tormento. [Segue]

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    5. M Carlos10:05 AM

      [Seguindo]

      Sua opinião no final sobre a imaturidade levou em conta o Deus do tormento que, por não ser objeto da ciência, não é discutido por mim, como já alertei várias vezes. Há uma enormidade de pessoas que não são religiosas, mas creem que há o agente causador. Sua opinião desprezou completamente essa massa de gente. Para efeito de debates, me incluo nessa massa.

      #Nota à parte: o título do seu blog parece sugerir uma distinção entre Deus e Religião. Mas, contraditoriamente, sua tendência tem sido sempre invocar o deus religioso (dos tormentos). Isso é um prato cheio para quem quer acusar o ateísmo de depender de erros de religiosos para ter como lidar com suas convicções ou descrenças. Também de falta condições intelectuais para lidar com Deus sob viés científico, como faz o britânico citado.

      Não foi por acaso que, para me refutar, o amigo teve que trocar o deus que eu queria discutir pelo deus-espantalho que seria fácil combater. Falou-se no tormento eterno, mas isso não é unanimidade entre crentes. E desprezaram-se os atributos que não sintonizam com tormentos (justiça, um deles).

      Parece, inclusive para uma grande parte dos crentes (os que defendem o livre-arbítrio), que não teria sido escolha de Deus e sim dos ateus. De fato custa acreditar que Deus teria decidido em teu lugar que você não teria acesso à vida eterna. Parece que foi você que decidiu livremente correr o risco. (Peço desculpas por usar ‘teu’. É para evitar confusão).

      Na verdade, não pode sequer alegar que corre risco, pois Deus não existe. Este é um grande segredo do cristianismo: como o pré-requisito é simplesmente a crença e esta morre quando a hipótese da inexistência é assumida como verdadeira, não há como os descrentes se desculparem ou alegarem injustiça. Foi uma decisão tomada no auge de seu bom senso científico, em que pese o fato de as leis que governam a ciência terem sido estabelecidas por alguém (raça mais adiantada?) que não meros seres humanos.

      É por essa razão que não pode partir de ateus a ideia (não que você a tenha) de que o cristianismo é impositivo.

      Numa troca de ideias em que se fala em maturidade e seu oposto, não é lícito que falemos pelos crentes ou pelos ateus e sim que se investiguem as condições dos próprios interlocutores em confronto; do contrário, teremos apenas opiniões ao léu. A essa investigação me disponho.

      Acho muito tosco que o ateísmo precise dos religiosos para se justificar. Se algum dia as religiões acabarem, então os que creem em Deus mas não têm religiões serão os grandes vitoriosos. Não haveria ateus... Correto? Ou eles viveriam eternamente calados, por não haver absolutamente como se opor aos que não creem. É o que se deduz do que você armou).

      No seu último parágrafo, esse viés (talvez devido à incapacidade de discutir Deus fora da religião) continuou. Você construiu uma situação para você mesmo refutar. “Alguém com base neste raciocínio pode fundamentar sua crença no receio da ação de Deus no mundo real”. Sim, mas isso seria criticado por mim também. A diferença entre nós é que eu não balizo minhas crenças ou descrenças por pessoas que têm esses receios e são, assim, emocionalmente inseguras. Muitos ateus não agem assim como eu e algumas provas tive quando comecei a visitar este site e vi o testemunho de, pelo menos, 3 pessoas do blog, contando como se tornaram ateístas. As referências ou críticas não eram a pessoas como eu ou como Collins e sim a crentes fanáticos ignorantes. Convenhamos...

      Grande abraço! Grato pela atenção, mais uma vez.

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    6. M Carlos10:29 AM

      CORREÇÃO ;

      Ou eles viveriam eternamente calados, por não haver absolutamente como se opor aos que creem.

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    7. Carlos, apenas marketing não refuta um bom argumento. Até o nome do blog você usou para esquivar-se ao tema central. Mas vamos ao que interessa.

      Espantalho:

      “Há uma enormidade de pessoas que não são religiosas, mas creem que há o agente causador. Sua opinião desprezou completamente essa massa de gente. Para efeito de debates, me incluo nessa massa.” (M Carlos)

      Ideia inicial:

      “#Observação: acredito que o ateísmo é criação de Deus; e que crentes como eu teriam muito a perder, em seus momentos de diversão, se os ateus não existissem. Bom é o campeonato em que há adversários a vencer. E torço pelo crescimento dos ateus. Como cristão, sonho com a partida final decisiva: um cristão contra todos os anticristãos.” (Carlos Alves [M Carlos])

      Não há crença em Deus sem religião, sem juízo temerário, sem ilusão de recompensa. Infelizmente as religiões, entre elas o cristianismo, idiotizam pessoas inteligentes, as infantilizam, as induzem à mentira não só ao seu próximo, mas, o que é pior, a si mesmas. Você, Carlos, não será a primeira nem a ultima pessoa a ter-se equivocado desta forma. Os ateus, em sua maioria e em países de forte cultura religiosa, são pessoas que foram humildes o suficiente para reconhecer que dedicaram a vida a uma bobagem.

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    8. Carlos9:14 AM

      Caro Alexandre

      Concordo sobre o marketing; mas dizer que apresentei isso como argumento não é lícito, diante de tudo o que escrevi. Foi um ‘en passant’ destinado apenas a ilustrar a uma das diferenças entre o discurso e a prática. Eu poderia sacar essa referência do que escrevi e nada haveria de prejuízo ao todo. Nada mesmo!

      Para não deixá-lo iludido quanto a mim, espero que você e seus parceiros, no texto de Carlos Alves, não tenham interpretado que o dito cristão único que especulei seria eu. Se isso tiver ocorrido, só me resta lamentar a perda de tempo em expor ideias a uma plateia não sabe ler.

      Eu me referia a duas coisas que fazem parte da minha crença: que a igreja deixaria de existir na Terra (provavelmente por ação de ateístas e muçulmanos); e que, então, Jesus (não eu) seria o único cristão a dar os rumos da guerra final, assim entendida pela parte dos cristãos que pensa como eu. Até especulo que essa época não terá minha presença, por questões de idade. Alguns ateus têm me dito que, já em 2030, as coisas estariam assim: religiões extintas. Eu acho que será muito depois disso.... Lá pelos anos 2060, como especulou o cientista Newton.

      Lembra-se daquela frase de Jesus: porventura quando o filho do homem vier achará fé na Terra?

      Quanto a ter me equivocado, é isso que me faz reclamar de vocês: afirmam, mas não se detêm em provar... Logo vocês que são tão dados a exigir provas dos outros. Não percebem que é fácil demais afirmar que o outro se equivocou e não demonstrar os equívocos?

      Escrevi algo, mas decidi não publicar. Despeço-me com as palavras que dirigi ao Warlei, já que, no final, você agiu como ele (esquecer os posts e atacar ad hominem):

      Está tudo bem. Agradeço pela atenção.

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    9. Um pequeno esclarecimento sobre a Mecânica Quântica:

      Mecânica quântica é a teoria usada para descrever as estrutura da matéria. Nessa escala, a física clássica apresenta resultados incompatíveis com as observações e as leis de Newton não funcionam. Com efeito não podemos, por exemplo, calcular a aceleração de uma partícula sob uma força usando a equação F=ma (Forca [F] é igual a massa [m] vezes a aceleração [a]).

      O princípio da incerteza de Heisenberg impõe restrições à precisão com que se pode efetuar medições simultâneas sobre elementos em nível subatômico, mas, ainda assim, podemos computar a probabilidade de obter na medição cada um dos possíveis resultados. A medida pode ser entendida como uma interação do objeto com o resto do universo, determinada pela função de onda. Isto porque as partículas estão em movimento constante, de modo caótico, algumas girando a frações de volta e outras em ciclos completos, em qualquer ângulo e variando constantemente. Numa analogia bem rasteira, seria como tentar determinar, em um exato momento, a posição dos grãos de amido cozidos em um mingau fervendo na panela.

      Bem! Por certo, muitos não entenderão. Mas não se preocupem. As perguntas que importam são: onde está o Wally? O que o meu jantar tem haver com neve na Sibéria? O que isto tem haver com postular a existência de um [causador]? Os físicos devem estar se perguntando...

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    10. Alexandre, convenhamos...

      Esta prosopopeia toda do nosso ilustre amigo é circular. Vejamos: “... em que pese o fato de as leis que governam a ciência terem sido estabelecidas por alguém... que não meros seres humanos...". Fato? Que fato? Perdoe-me por ser repetitivo, mas as tentativas de provar delírios da imaginação esbarram nos seus próprios limites: a realidade. Restando apenas ao defensor de tal sandice afirmar e repetir insistentemente. E, é claro, tentar desqualificar o seu interlocutor ou grupo de interlocutores em lugar de refutá-lo(s) com a devida munição: o fato. Seu interlocutor é daqueles que possuem distinta habilidade linguística, mas a usa somente para disfarçar sua notável incapacidade de estabelecer um ponto de vista e materializá-lo. O que vejo é muita enrolação e a mesma tática de todos os apologistas: ignorar pontos pertinentes dos comentários de seus interlocutores ou o seu conteúdo objetivo; lançar mão de falácias diversas, incluindo a do espantalho, e acusá-los de usá-las; tentar desestabilizar o debate ou o interlocutor e depois se fazer de vítima e etc. e etc. e etc. A cada vez que o leio o vejo [tomando a liberdade] de fazer alguma substituição conveniente, seja sobre um texto citado ou o sobre o comentário do seu interlocutor. Isto obviamente em prol do seu argumento, usado para a réplica. O curioso é que depois ele joga o espantalho em cima dos outros.

      E agora novamente: "... Logo vocês que são tão dados a exigir provas dos outros. Não percebem que é fácil demais afirmar que o outro se equivocou e não demostrar os equívocos?"

      Deste modo, continuo a assistir um desfile intelectual vazio e bazófio. Visto que, infelizmente alguns são prolixos, mas não são aptos a sintetizar um conceito ou capazes de assimilar uma afirmação objetiva. Como diz o dito popular: para quem sabe ler, um pingo é letra. Portanto, não é preciso se falar muito para se dizer o que realmente importa (o que você tão educadamente sabe fazer). Mas então... O que realmente importa? Perdoe-me insistir nesse ponto (tão ignorado por alguns), mas o que realmente importa são os fatos e as evidências. Falo por mim, mas, creio que seja mais sensato para qualquer pessoa medianamente inteligente e racional, ter 99% de dúvida baseada nestes elementos do que ter 99% de certeza fundada na ilusão. Entenda: se eu admito que a e existência é um mistério e que sou ignorante sobre este fato, não devo necessariamente criar um causador ou concordar com algum néscio que afirme sua existência. No meu entender me basta admitir que não sei. Portanto, aceito deste modo e penso que através da abordagem científica, como tem sido, haveremos de entender em algum momento o todo que nos envolve e no qual estamos inseridos.

      Continua...

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  9. Por uma falha no sistema de comentários não foi possível continuar minhas considerações na lista original. Continuo, portanto, por aqui.

    Do ponto de vista científico, a alegação da existência de um causador [Deus] nos dias atuais é uma alegação vazia, como se já não bastasse ser, desde o parto, uma falácia lógica. De fato, haviam muitas coisas que não entendíamos há algumas centenas de anos e isto certamente levou pessoas envolvidas com a ciência, ainda numa época de limitados conhecimentos e deixando de lado fatores emocionais, a caírem nesta ilusão, aceitá-la e professar fé neste causador (o que ainda hoje é um fato deslealmente usado por apologistas religiosos como justificativa para se misturar uma coisa com outra: ciência e religião). Até que o conhecimento que foi se acumulando conduziu a conclusão de que um criador, um ser extraordinário por trás das cortinas de um teatro existencial, tal qual uma criança numa fazenda de formigas, não é necessário. Na verdade, nem é preciso dizer mais do que isto, uma vez que provar que este ser não exista é tão impossível quanto provar que o Bule Voador de Russell não exista ou que o Monstro de Espaguete Voador não exista.

    Imagino que talvez, conforme você muito bem colocou, por conta de alguma patologia de ordem psicológica ou imaturidade emocional, alguns indivíduos letrados e eruditos se recusem a se livrar de seus delírios, lutando bravamente contra quem pensa diferente, como prova de obediência ao seu imaginário, ao conceito ternamente abraçado, que lhe dá segurança e razão para existir. Imagino que deva ser uma rotina intelectual árdua, lutar contra todos os grandes nomes da ciência de nosso tempo ou suas conclusões; ser capaz de se opor a tantos cientistas, filósofos e livres pensadores proeminentes; ter tamanha capacidade de combate em nome de sua convicção logicamente teológica e ser condenado a perseguir e tentar, sem sucesso, diga-se de passagem, abater ateus insignificantes como nós em blogs humildes como este. Ainda assim, eu gostaria que o trabalho de alguém tão capaz fosse formalmente apresentado ao mundo. E que suas [irrefutáveis] conclusões fossem, por todos nós, finalmente conhecidas.

    Um grande abraço!

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    1. Caro Carlos,
      mantive meus comentários no campo das ideias até você fazer referência a minha pessoa. Nada mais justo que o princípio da reciprocidade.
      Até uma próxima oportunidade.

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    2. Warlei,
      sou grato pelo seu comentário pertinente.
      Grande abraço!

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    3. Carlos2:11 PM

      Então, tudo bem. Aceito!

      Um abraço e espero que leia o post a seguir.

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    4. Carlos2:29 PM

      Discurso de Despedida

      Prezados do Blog e leitores.

      Algo que o Warlei escreveu me tocou profundamente, fique impactado e literalmente caí em mim.

      Antes, ao concordar com ele que declarar a existência de Deus é uma alegação vazia, revelo aqui que me causou felicidade por não ter alegado (e portanto tentado defender). Mas tal felicidade não foi suficiente para apagar o constrangimento que me casou outro momento de sua mensagem – este sim, o motivo de vir aqui me despedir humildemente.

      O trecho foi o que circunda a expressão “ateus insignificantes como nós em blogs humildes como este”.

      Quero, nesta oportunidade, pedir desculpas pela minha passagem neste blog ao mesmo tempo em que revelo o ponto mais alto de sua boa qualidade, o qual me fez estacionar aqui por algum tempo. Explico.

      Antes de vir aqui tive muita decepção com blogs autoassumidamente laicos (como blogs da alta imprensa) e com blogs religiosos, como de pastores famosos. Não pretendia visitar estes últimos, mas tive que fazê-lo como balão de ensaio. E foi uma catástrofe a questão da censura prévia, por simples discordância com artigos localizados sobre Bíblia.

      Então, gostaria de renovar meus parabéns à administração do blog por ter tido a coragem de, primariamente, não fazer a censura prévia. Estive esse tempo todo aqui justamente por causa desse diferencial em relação aos poucos blogs que visitei.

      Go ahead, como diriam os americanos!
      Abraços

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    5. Este blog deve grande parte de seu formato às suas participações, você sempre será bem-vindo aqui. Felicidades Carlos!

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  10. Alexandre, no Japão, a grande maioria da população é Xintoísta e a minoria, Budista. Logo não seria um país de população 100 ou 99% constituída de ateus? Já que ambas as filosofias não se referem a Deus?

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    1. Bom dia Erika.
      O que me parece é que há divindades no xintoísmo chamadas Kami que para alguns podem ser forças da Natureza e para outros, deuses. De um ponto de vista da cultura ocidental, o xintoísmo tem características politeístas embora, talvez, seus praticantes não o considerem assim.
      Boa observação. Grato por sua participação.

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  11. Carlos Ateu9:28 PM

    Fico muito feliz por ver este excelente trabalho de conscientização que vc Alexandre se propôs a fazer, muito bom todos os textos sem exceção, estou degustando cada parágrafo. Tenha muito sucesso !!!

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  12. Eu entendo assim: Se eu não acredito que exista ouro no meu quintal, eu não não tenho motivo para estar removendo a terra e nem mesmo criticando o vizinho que acredita ter ouro no seu quintal. Eu vivo com as minhas verdades e não me importa as verdades ou mentiras de outros. Isso para mim é ser autentico. Abraços cordiais. v.p.souza

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    1. Caro Souza, grato por sua participação. Se realmente não te importas com as verdades ou mentiras alheias, por que lemos teu comentário?

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  13. Fico me perguntando algumas coisas sobre alguns comentários que leio no blog. Já li vários comentários de algumas pessoas falando que religiosos os rejeitam porque eles rejeitam sua crença e que são discriminados por não acreditarem. Mais o que vejo em alguns posts e comentários do blog (notem por favor que não generalizei) é um ataque e desrespeito com a crença de outras pessoas. Creio que é possível defender seu ponto de vista como ateu e respeitar o ponto de vista dos outros que acreditem em alguma coisa. Se acessarem um blog cristão irão notar que o cristão ocupa mais tempo falando de Deus e da Bíblia do que atacando ateus. Se o ateísmo não é sobre negar a existência de Deus (como disse o Warlei) porque não se discute a existência de algo imaginário porque passar tanto tempo explicando isso? E talvez eu seja muito ignorante mais simplesmente não entendi a lógica dessa afirmação. Por exemplo, se eu digo que não nego a existência de Deus porque ele não existe e não posso discutir a existência de algo que não existe eu acabei de negar sua existência, visto que ao formular minha frase eu tive que usar a expressão "não existe". Me pergunto também se a única forma de explicar o ponto de vista de vocês envolve uma linguagem tão rebuscada e a utilização de termos científicos. Como alguém com pouca instrução irá entender tudo o que dizem? Ou seria o ateísmo um "privilégio" de alguns poucos esclarecidos que se consideram libertos pelo conhecimento adquirido em livros e artigos da internet?

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  14. Anonymous4:25 AM

    Entrei neste site para compreender melhor a postura ateísta e tentar elevar o meu pouco conhecimento e escassa compreensão sobre o que realmente significa ser ateu. Eu creio em um Deus, mas eu vejo essa minha ideia de Deus como uma interpretação totalmente pessoal, que não tem a obrigação de se encaixar em nenhum contexto religioso, ou excluir a possibilidade da não existência de Deus. Para mim realmente faz sentido crer que há um Deus, mas também faz sentido não crer. Eu não sei me expressar com tanta desenvoltura quanto vocês para explicar como isso funciona dentro de mim, mas ao mesmo tempo que minha razão me aponta argumentos satisfatórios para crer em um Deus, eu também consigo enxergar com total naturalidade o não crer. Além disso eu não sinto necessidade de debater e argumentar sobre minha ideia pessoal de Deus, uma vez que seria impossível os outros enxergarem e interpretarem exatamente como eu interpreto. E também não sinto necessidade de requerer de um ateu "provas" da inexistência de Deus, isso seria tolo e absurdo, não me incomoda a descrença, não me agride . E eu reconheço que minha convicção sobre minha idea pessoal de Deus pode ser apenas um conforto psicológico, embora eu realmente acredite por questões muito mais racionais do que religiosas, mas eu não posso excluir uma possibilidade tão naturalmente aceita dentro de mim. Esse artigo e esses debates tão eloquentes nos comentários me esclareceram um pouco mais sobre o que é ateísmo de fato, mas vou continuar lendo , ainda preciso entender melhor.

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  15. Anonymous4:39 AM

    Na verdade, não é que eu precise , mas tenho esse fascínio por conhecer e tentar compreender como o ser humano percebe o mundo e a si mesmo em todas as cores, sabores e contextos possíveis, seja na crença ou descrença, e espero que um dia consigamos construir um caminho de respeito mútuo sobre essas questões.

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  16. Tudo bem...Discussões à parte queria deixar registrada a minha tristeza em relação à dúvida sobre a existência de Patolino.
    PATOLINO é real!!

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  17. Muito bom seu trabalho, e gostei da postura do Warley, ele já havia posicionado e até mesmo explicado sobre o ateísmo dele, e concordo com o Warley, não há lógica alguma discutir sobre a existência de algo inexistente, deus é apenas uma ideia criada pelo homem com o decorrer do tempo, apenas um produto da mente humana, não precisamos ficar falando sobre os amigos imaginários de ninguém.

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